Homenagem do dia: Rubem Alves

Rubem Azevedo Alves (Boa Esperança, 15 de setembro de 1933 — Campinas, 19 de julho de 2014) foi um psicanalista, educador, teólogo, escritor e ex-pastor presbiteriano brasileiro. Foi autor de livros religiosos, educacionais, existenciais e infantis. É considerado um dos maiores pedagogos brasileiros de todos os tempos, um dos fundadores da Teologia da Libertação e intelectual polivalente nos debates sociais no Brasil. Foi professor da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Entre 1953 e 1957, estudou teologia no Seminário Presbiteriano de Campinas, onde conheceu Richard Shaull. Entre 1958 e 1963, foi pastor em Lavras (Minas Gerais). Em 1964, obteve o título de mestre em teologia pela “Union Theological Seminary” em Nova Iorque.
Foi membro da Comissão “Fé e Ordem”, do Conselho Ecumênico de Igrejas e diretor de “Estudos sobre Igreja e sociedade na América Latina. Foi acusado de conduta subversiva pelas autoridades da Igreja Presbiteriana e perseguido pelo Regime Militar do Brasil (1964-1985) e por isso abandonou a Igreja Presbiteriana e a exilar-se nos Estados Unidos, onde, em 1968, obteve o título de doutor (PHD) em filosofia no Seminário Teológico de Princeton.
Lecionou no Instituto Presbiteriano Gammon, na cidade de Lavras, Minas Gerais, no Seminário Presbiteriano de Campinas, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro e na UNICAMP, onde recebeu o título de Professor Emérito e criou vários grupos de pesquisa. Tinha um grande número de publicações, tais como crônicas, ensaios e contos, além de ser ele mesmo o tema de diversas teses, dissertações e monografias. Muitos de seus livros foram publicados em outros idiomas, como inglês, francês, italiano, espanhol, alemão e romeno.
No início da década de 1980 obteve o título de psicanalista pela Sociedade Paulista de Psicanálise. Também publicou livros de literatura infantil e poesia. Foi integrante da Academia Campinense de Letras.
Com formação eclética, transita pelas áreas de teologia, psicanálise, sociologia, filosofia e educação. Após ter lecionado em universidades, tinha um restaurante (a culinária foi uma de suas paixões e tema de alguns de seus textos), viveu em Campinas , onde mantinha um grupo, chamado Canoeiros, que se encontra semanalmente para leitura de poesias.
Sua mensagem é direta e, por vezes, romântica, explorando a essência do homem e a alma do ser. É algo como um contraponto à visão atual de homo globalizadus que busca satisfazer desejos, muitas vezes além de suas reais necessidades.
“Ensinar” é descrito por Alves como um ato de alegria, um ofício que deve ser exercido com paixão e arte. É como a vida de um palhaço que entra no picadeiro todos os dias com a missão renovada de divertir. Ensinar é fazer aquele momento único e especial. Ridendo dicere severum: rindo, dizer coisas sérias Mostrando que esta, na verdade é a forma mais eficaz e verdadeira de transmitir conhecimento. Agindo como um mago e não como um mágico. Não como alguém que ilude e sim como quem acredita e faz crer, que deve fazer acontecer.
Em alguns de seus textos, cita passagens da Bíblia, valendo-se de metáforas. No site A Casa de Rubem Alves encontram-se releituras e discussões de suas obras.
Segundo Harvey Cox, Rubem Alves era capaz de agrupar, com coerência, de baixo de um só enfoque, as opiniões de Franz Fanon, Karl Marx, Jürgen Moltmann, Mario Savio, Karl Barth, Paul Lehmann, Esdras Costra e Paulo Freire.
Foi cidadão honorário de Campinas onde recebeu a Medalha Carlos Gomes de contribuição à cultura.
Rubem Azevedo Alves faleceu em 19 de julho de 2014, em Campinas, por falência múltipla de órgãos. O corpo foi velado no plenário da Câmara Municipal de Campinas, no interior paulista, cidade onde o escritor mineiro morava. Como pedido, seu corpo foi cremado em Guarulhos e as cinzas espalhadas sob um ipê amarelo.